Por Bruno Bezerra
 A  presidente Dilma Rousseff anunciou a criação do Ministério das Micro e  Pequenas Empresas, no Fórum dos Governadores do Nordeste em Aracaju  (SE). Segundo a presidente, o objetivo do Ministério é estimular o  empreendedorismo.
A  presidente Dilma Rousseff anunciou a criação do Ministério das Micro e  Pequenas Empresas, no Fórum dos Governadores do Nordeste em Aracaju  (SE). Segundo a presidente, o objetivo do Ministério é estimular o  empreendedorismo.Durante  a campanha para presidente em 2010, quando a proposta de criação do  Ministério das Micro e Pequenas Empresas ganhou corpo, eu escrevi um  artigo estimulando o debate. Com o tema de volta ao noticiário nacional,  acho oportuno mais uma vez estimular o debate. 
Como  pequeno empreendedor e entusiasta da pequena empresa, vou colocar  algumas perguntas para fomentar o debate em torno da criação do  Ministério da Pequena Empresa.
Contudo,  o tema tem sido muito produtivo no sentido de colocar a pequena empresa  em debate nacional. Costumo pensar a micro e pequena empresa como o  nosso mais generoso e poderoso espaço empreendedor, um firme alicerce  para as ambições micro e macroeconômicas dos governos em todas as  esferas.
Seja  com os números do mercado informal, ou com os números oficiais do CAGED  [Cadastro Geral de Empregados e Desempregados], do Ministério do  Trabalho e Emprego, o poder da micro e pequena empresa no quesito  geração de emprego é incontestável. 
Todavia, chega o momento da primeira pergunta: será que é de um ministério que a Pequena Empresa precisa?
É  bem verdade que um ministério próprio pode ajudar nos pleitos da  pequena empresa, mas de fato não seria a solução dos muitos problemas,  pois se assim fosse, as estruturas de saúde e educação com seus  ministérios próprios [e com bons orçamentos] não teriam o mar de  problemas que de tão velho, viciado e poluído não sabe a idade que tem.
Mais  do que os expressivos números na geração de empregos, o poder da  pequena empresa no Brasil pode [e deve] ser medido/sentido,  especialmente, na superação das reais adversidades da prática  empreendedora. E não são poucas, nem fáceis. 
Vejamos  aqui algumas das principais: burocracia e morosidade na abertura e,  sobretudo, fechamento das empresas; a eterna falta de crédito barato e  sem burocracia, uma legislação trabalhista caduca e improdutiva, o  estorvo de novas obrigações trabalhistas, guerras fiscais entre estados,  falta de ferramentas de planejamento mais específicas, escassez de  mão-de-obra qualificada e a sempre perversa estrutura da carga  tributária que inibe ao invés de incentivar o desenvolvimento das  empresas.
Pensando  um pouco na relação ministério-solução, e focando nos entraves  tributários e trabalhistas da pequena empresa, minha amiga Ana Maria  Coelho – uma estudiosa do empreendedorismo de Mogi das Cruzes – resumiu  bem a situação: oferecer um tratamento diferenciado aos que são  realmente diferentes é um meio de oferecer igualdade de direitos. E aí  vem mais uma pergunta: é necessário criar um ministério para fazer  acontecer o que verdadeiramente importa para pequena empresa?
A pergunta me fez lembrar um pensamento fantástico do escritor Mansour Chalita “Acreditar que basta ter filhos para ser Pai é tão absurdo quanto acreditar que bastar ter instrumentos para ser músico”.
De  tudo fica uma lição: criar um ministério parece ser relativamente  fácil, mesmo não sendo nada barato para o contribuinte [leia-se também  pagador de impostos e/ou empreendedor] no perigoso círculo vicioso do  peso e custo da máquina pública. O difícil parece ser criar as condições  necessárias para que a pequena empresa – um dos principais motores da  economia brasileira – possa contribuir ainda mais com o real  desenvolvimento do Brasil.
Fonte: Blog da ASCAP (Associação Empresarial de Santa Cruz do Capibaribe - PE)
 
